HISTÓRICO

Beatriz Junqueira Sulzbach e Newton Braga Rosa  

 

 

 

. 21) Por que os Europeus Emigravam?. 3

 

1.1) Povoando as terras conquistadas. 3

 

1.2) Fugindo da Europa destruída. 3

 

2) A história da família Braga. 4


2.1) De Portugal Continental para o Arquipélago dos Açores (1816) 4

 

2.2) Dos Açores para Rio de Janeiro (1845) 4

 

2.3) De Porto Alegre para Porto Mariante (1880) 5

 

2.4) O Sobrado dos Braga (1885) 5

 

2.5) No Brasil, uma miscegenação impensável na Europa (1960) 5

 

Arvore genealógica

 

 

 

 

 

 

1) Por que os Europeus Emigravam?

1.1) Povoando as terras conquistadas

Na época dos descobrimentos, por volta de 1500, o principal motivo para a emigração era assegurar a posse das terras descobertas. Lisboa era a maior cidade da Europa e Portugal dominava uma das mais sofisticadas tecnologias daquele tempo: técnicas de construção naval e a ciência da navegação astronômica (com  Bússola, Quadrante e Astrolábio) usada até recentemente.

 

As caravelas eram embarcações velozes e facilmente manobráveis. Entretanto, por serem construídas em madeira, eram frágeis para enfrentar as tempestades das navegações transoceânicas. Mesmo a maioria dos modernos iates que conhecemos hoje não estão habilitados para navegação em mar aberto.

 

Uma viagem transatlântica na época equivaleria, em complexidade e recursos, aos programas de conquista espacial dos dias de hoje. Portugal era uma das superpotências mundiais do século XV. O colunista da revista veja , Cláudio Moura Castro, tem um artigo que estabelece esta comparação:

 

 

 

 

Fonte: Revista Veja 12 fev 1997

“Portugal precedeu a todos na Escola de Sagres. Dom Henrique, o Navegador, viu aí a possibilidade de usar vantagens locacionais de Portugal para encontrar um caminho marítimo para as Índias beneficiando-se dos conflitos militares e políticos que degradavam o comércio por terra com o Oriente”.

 

“Em Sagres juntaram –se astrônomos, cartógrafos, geógrafos , engenheiros navais e militares para desenvolver a ciência e a técnica da navegação de longo curso. A integração interdisciplinar desses cientistas permitiu o desenvolvimento da arte de navegação trasatlântica  e a melhor compreensão dos ventos. Outro grande salto tecn0ológico foi a  nau. Mais segura, manobrável e veloz que os pesados barcos do Mediterrâneo, foi a invenção que deu a Portugal a dianteira nos descobrimentos. Os estaleiros navais e as plantações de madeiras de lei deram automomia ao processo de fabricação. Na artilharia naval, melhores técnicas de tiro deram uma supermacia no mar que oriente não possuía. A engenharia militar desenvolveu fortificações inexpugnáveis nas regiões ocupadas”.

 

“Graças a isto, ao cabo de algumas décadas Portugal tinha o domínio da maior extensão de terra costeira do mundo: 20mil quilômetros de litoral”.

 

“Mas em Sagres passou-se um dos mais importantes casos de espionagem industrial de que se tem notícia, comprometendo os esforços pioneiros do grupo. Um estrangeiro insidiosamente se aproximou do complexo científico-industrial. Com os segredos adquiridos, vendeu seus serviços à Espanha, que pôde assim transformar-se em forte concorrente. Identidade do espião: Cristóvão Colombo”.

 

 

Se você ainda acha que foi fácil a epopéia portuguesa da travessia transatlântica, saiba de um fiasco recente:

 

Nas comemorações dos 500 anos de descobrimento, em abril de 2000, engenheiros navais tentaram fazer uma caravela usando as ferramentas e madeiras  disponíveis  na época dos descobrimentos. Foi um fracasso total. A Nau Capitânea ia fazer um trajeto infinitamente mais simples: de Salvador a Porto Seguro.

 

Apesar de ser uma navegação costeira de apenas 400 kilômetros. “depois de sair na segunda feira pelal manhã da base naval de Aratu, próxima a Salvador, BA, a embarcação teve que retornar a noite com problemas no mastro. Feito o conserto, a caravela partiu novamente, mas fortes ventos derrubaram o mastro novamente”. Fonte: Correio do Povo, 21 de abril 2000.

 

Desesperado o comandante ordenou que os motores (sim, eles estavam lá para garantir em caso de imprevistos)  fossem ligados.  Os motores foram colocados a funcionar a toda potência para  que a Caravela chegasse a Porto Seguro no dia da festa (22 de abril).  Acabaram fundindo. A Nau ficou a deriva em frente a Ilhéus até que foi rebocada de volta para Aratu.    A foto do correio do povo mostra bem a desolação da tripulação. 

 

Quem acabou ganhando com a história foi o navegador catarinense SCHURMANN. Ele estava chegando de uma longa viagem de alguns anos e modestamente planejava chegar a Porto Seguro no dia 22 de abril de 2000, por conta própria, sem nenhum alarde. Com o fracasso da nau capitânea ,  quando a família Schurmann entrou na Bahia de Porto Seguro todo aparato oficial e todas emissoras de TV concentrarm neles todas as homenagens,  para a surpresa da tripulação.

 

 

 

Frente à grande quantidade de riscos que a expansão marítima implicava, é evidente que ela não poderia ter sido obra de indivíduos isolados. Ao Rei, em aliança com os comerciantes, coube a tarefa de promover a aventura. Portugal foi o primeiro país da Europa a possuir uma monarquia capaz de centralizar o poder nas mãos do soberano, antes disperso entre os senhores feudais. Essa unificação precoce deu condições ao reino de tomar a dianteira na corrida marítima.

 

O passo seguinte era a colonização das terras conquistadas.

 

Assim, os primeiros imigrantes portugueses eram membros da corte e comerciantes Estavam portanto entre os mais ricos do país.  Alguns foram brindados com as capitanias hereditárias.

 

Duzentos anos após, por volta de 1700, os imigrantes ainda vinham imbuídos de um espírito patriótico e incentivados pela Coroa preocupada em povoar as terras  conquistadas, principalmente dos inimigos Espanhóis que haviam encontrado tesouros fantásticos nas evoluídas civilizações no alto do estuário do Prata, no Peru. O nome do estuário que banha a capital da argentina proveio do metal que por ali era transportado.

 

1.2) Fugindo da Europa destruída

Por volta de 1800, a Europa  era completamente diferente daquela que conhecemos hoje: ela estava arrasada, devido a guerra da França com a Prussia e as campanhas expansionistas de Napoleão Bonaparte que somente seria derrotado em Waterloo, muitos anos depois (1815).

 

Napoleão deixou um rastro de miséria e devastação nos territórios conquistados. Não havia alimentos no campo, as cidades estavam super povoadas e era  comum a ocorrência de pestes que exterminavam vilas inteiras. As dificuldades da Europa durariam mais 100 anos até o final da primeira guerra mundial, por volta de 1925. 

 

Somente após a segunda guerra mundial , por volta de 1950 é que começa a construção da Europa moderna e sofisticada que conhecemos hoje (graças ao plano Marchall com dinheiro dos EUA).

 

De 1800 até a primeira guerra,  emigrantes europeus povoaram as Américas. Foram 50 milhões de emigrantes, só para os EUA. Somente no ano de 1888 o Brasil recebeu 170.000 imigrantes, dos quais 110.000 italianos. Daqueles imigrantes, 90.000 vieram para o Rio Grande do Sul. A maioria era de origem italiana.

 

Portugal, na península e longe do coração da Europa, sofreu menos com as conquistas Napoleônicas. Mesmo assim, por precaução, o Rei D.João VI transferiu toda a corte para o Brasil em 1808, tornando o Brasil a sede da Coroa Portuguesa (seu irmão que reinava a Espanha ficou na Europa e se arrependeu).

 

O filme de Carla Camuratti, “Carlota Joaquina- Imperatriz do Brasil  mostra a tragicomédia que foi a fuga da corte. No Brasil da época não havia casas para as centenas de nobres que atravessaram o oceano em 36 caravelas. Algumas se perderam e chegaram muitos meses depois das primeiras, nos mais diferentes pontos da costa.

 

Como a sede da Coroa no Brasil, a marcha portuguesa da costa para o interior ficou mais atrevida.

 

Os Bandeirantes portugueses foram auxiliados pela omissão espanhola, mais preocupados com a exploração das riquezas Inca (no atual Peru e arredores) . Assim os portugueses "envergaram" o tratado das Tordesilhas que originalmente passava por Laguna em SC. O RS era, portanto Espanhol. Canasvieiras e Camburiú só se tornaria território espanhol  novamente, 200 anos depois... ( isto é brincadeira).

 

O avanço português se fez sem resistência espanhola, salvo no RS, na região dos pampas, onde houve duzentos anos de guerra. Elas só terminariam em 1865. Portugal chegou a estender seus domínios até a estratégica bacia do Prata, consolidando seu domínio da bacia do rio Uruguai. Fundou a colônia de Sacramento na frente de Buenos Aires. Os Espanhóis responderam a esta ousadia arrasando o forte e a vila. Os protugueses recontruíram Sacramento e novamente os espanhóis a destruíram. Durante a guerra Cisplatina, os obstinados portugueses reconstruiriam Sacramento outras 12 vezes.

 

Também havia guerra de colonizadores espanhóis e portugueses na região das missões, a oeste.

Finalmente um acordo na época de D.Pedro I, em 1828, entre Portugal e Espanha, intermediado pelos Ingleses, encerrou as guerras: os espanhóis ficaram com Sacramento e os Portugueses com as Missões. O recuo dos portugueses deu origem a um novo país, o Uruguai, o menor da América do Sul. Com certo exagero pode-se dizer que D.Pedro I fundou o Uruguai.

 

A capital do país não foi Sacramento e sim Montevideo , uma cidade mais antiga, fundada em 1726 pelo governo de Buenos Aires para conter o acesso português pelo estuário do Prata.

 

O Uruguai sempre se preocupou com a educação. Em 1849 fundou sua primeira Universidade. O país experimentou um crescimento espetacular, que lhe valeu o título de Suiça das Américas por volta de 1950. Logo, Punta del Este já foi brasileira antes da invasão dos anos brasileiros em 1990... (outra brincadeira).

 

 

Este era o panorama que os emigrantes tinham na Europa e no RS por volta de 1845 quando o casal de  imigrantes portugueses José dos Santos Braga e Clara Delfina chegaram ao Brasil.

 

Entre 1824 e 1858, no auge da crise europeia, 1309 famílias alemãs vieram da região da atual cidade de Trier e redondezas, para o Rio Grande do Sul. A data de 25 de julho de 1824 é considerada, oficialmente, a data da colonização alemã.

 

A escolha da etnia dos novos imigrantes foi influenciada pela  esposa de D.Pedro I, D.Leopoldina, que era Austríaca. A estratégia de D.Pedro I foi colocar uma população estranha ao conflito local entre portugueses e espanhois, no RS, e que não praticasse escravatura. Ora isto levou os Alemães e Italianos a cultivarem propriedades pequenas e desenvolverem habilidades artesanais para inventar engenhocas que substituíssem o trabalho manual escravo. Estava lançada a semente da industrialização do RS.

 

Em resumo, embora os portugueses fossem em tese favorecidos, pois estavam vindo para o seu próprio país (o Brasil foi sede da coroa até 1818), ou para um reino Unido, a situação, na prática não os diferenciavam muito dos imigrantes Alemães e Italianos daquele século. Eram pobres mas empreendedores ousados, ambiciosos e determinados. Afinal, uma travessia atlântica só se fazia um vez na vida. Imigrar era uma decisão sem retorno. Quanto chegavam na nova terra havia trabalho duro que forjou uma geração de homens solidários, sérios e comprometidos com o trabalho e a sua comunidade.

 

É desta gente que descendemos. Portugueses, como os Rosa, Alemães como os Sulzbach, Italianos como os Giordani, só para citar os que colaboraram diretamente na elaboração deste texto e da pesquisa histórica. Enfim uma família de loiros e morenos de várias matizes que tem se confraternizado nos encontros dos Descendentes de Anna&Leca Braga.

 

2) A história da família Braga

2.1) De Portugal Continental para o Arquipélago dos Açores (1816)

O registro mais antigo que se tem da família é o nascimento, em Lisboa, de ALEXANDRE DOS SANTOS em 1786.

 

Em 1816, ALEXANDRE. e ISABEL MARIA(de Coimbra), tiveram um filho chamado JOSE DOS SANTOS.  Aos 30 anos de idade José já havia agregado o nome da cidade de Braga ao seu sobrenome, passando a assinar JOSÉ DOS SANTOS BRAGA. Supõe-se que ele tenha vivido naquela cidade ao norte de Portugal.

 

Nesta mesma época (1816) JOSÉ RODRIGUES, da ilha do Pico, no arquipélogo de Açores,  casava com MARIA DELFINA, da ilha Faial, que levou o marido para morar na sua ilha Estava iniciando uma estória em que as mulheres teriam uma participação decisiva no fluxo migratório da família Braga, até chegarem na Estância Mariante, ao sul do Brasil, 40 anos depois. Daquele casamento nasceu uma filha chamada CLARA DELFINA.

 

Aquelas ilhas Portuguesas foram povoadas por colonos dos países baixos (atual Holanda e arredores), perseguidos por motivos religiosos que, por precaução, aportuguesaram seus nomes. Eram pessoas de olhos azuis e cabelos claros, diferentes dos nativos, que traziam consigo o hábito do cultivo de flores como hortência e camélias (que muitos anos depois também seriam encontradas no sobrado de Mariante), mais adequadas à topografia acidentada e ao clima das ilhas o que outras cultivadas na Holanda.

JOSE DOS SANTOS BRAGA (de Lisboa ou Coimbra, existem controvérsias) casou com CLARA DELFINA (da ilha de Faial).

 

 

 

Não se sabe como se conheceram, pois o arquipélogo dos Açores fica no meio do Oceano Atlântico, a mais de 3.000 Km da costa portuguesa. Uma viagem pelo mar do Norte difícil para a época. Aparentemente foi ela quem inspirou a emigração do jovem casal para o Brasil. Na época havia excesso de população nos Açores e um princípio jurídico onde somente o mais velho tinha direito a herança dos país. Os outros filhos ficavam dependentes do primogênito ou emigravam. O sistema aparentemente tinha por objetivo evitar o fracionamento das propriedades em espaços tão pequenos que inviabilizassem a exploração racional da terra.

 

Por volta de 1740, sessenta casais açorianos haviam fundado a cidade de Porto Alegre dos Casais , no sul do Brasil iniciando um fluxo migratório que continuaria por mais 100 anos. Clara e o marido seguiriam o rastro dos antepassados dela e acabariam chegando no Brasil, por volta de 1845.


 

2.2) Dos Açores para Rio de Janeiro (1845)

Os Imigrantes Portugueses JOSÉ DOS SANTOS BRAGA e CLARA DELFINA tiveram 10 filhos. Os dois primeiros teriam nascido ainda em Portugal: Clara em 31.jan.1846 e José dos Santos Braga Filho, em 30.dez.1847. Ambos foram batizados no Rio de Janeiro, conforme exigência oficial da época.

 

O casal se mudou para Porto Alegre e, no dia 25.nov.1851, acompanhados da mãe de José (que foi testemunha- seria interessante procurar saber como Isabel Maria veio parar no Brasil ) foram à Freguezia do Rosário , em Porto Alegre, para, de única vez, registrar os dois primeiros filhos e oficializar o casamento no Brasil. Provavelmente o registro do casamento era uma exigência burocrática para o registro dos filhos.

 

O casal de imigrantes fixou residência em Porto Alegre, e todos demais filhos nasceram nesta cidade . Portanto, os Braga eram uma típica família Porto Alegrense (e não do interior como se poderia pensar). Destes 10 filhos, duas irmãs se tornariam costureiras de renome na capital: Elísia (sem filhos) e Maria da Glória dos Santos Braga (solteira) , conhecida por "Tia Querida" moraram juntas em Porto Alegre desde a viuvez de Elísia, até a morte de Querida, em 1939.

 

Após, Elísia foi morar em Taquari com uma sobrinha , Clotilde Braga Dias , "Tia nini" (irmã de Leca Braga e casada com Teotônio Dias), falecendo em 1941, já em Porto Alegre. Estas costureiras foram madrinhas de batismo de duas filhas de Leca, Nice e Diva, que lembram dos tecidos que ganhavam de presente (itamini e pelúcia).

 

 

A história ficou confusa? Entenda melhor a posição dos personagens na árvore genealógica, clicando aqui.

 

 

 

2.3) De Porto Alegre para Porto Mariante (1880)

O terceiro filho do casal de imigrantes, PEDRO DOS SANTOS BRAGA (nascido em 8.dez.1851), viveu em Porto Alegre até a idade adulta.

 

 

Pedro dos Santos Braga e a Alípia Junqueira (professora SINHÁ) eram os pais do Leca Braga. A vó Diva lembra que estas duas fotos (eram seus avós paternos) ficava  na sala da casa velha.

 

 

Enquanto a família Braga crescia em P.Alegre, outro casal de descendentes portugueses ANA DOS REIS e AMARO GOMES JUNQUEIRA cultivava suas terras em Mariante. Tiveram diversos filhos entre eles  Ana Felícia e ALÍPIA ASSUMPÇÃO DOS REIS JUNQUEIRA,  conhecida como "Professora Sinhá" (isto  talvez explique a irresistível atração que o magistério exerceria nas suas descendentes...).

 

Pedro dos Santos Braga e o irmão José dos Santos Braga Filho foram trabalhar na fazenda Espanhola, próxima a Mariante. Foi lá que Pedro conheceu e casou com Alípia, por volta de 1880. Seguindo a influência feminina, o jovem Pedro foi morar e trabalhar nas terras do sogro, perdendo os vínculos com P.Alegre, e iniciando a história da família na região da bacia do rio Taquari.



 

2.4) O Sobrado dos Braga (1885)

 

 

Todos os 8 filhos do casal Pedro e Alípia nasceram no sobrado rosa, construído por volta de 1885, no mesmo quarto. O quarto filho foi AMARO DOS SANTOS BRAGA nasceu em 16.jan.1889. Foi chamado de LECA desde a infância. A partir daí a história dos Braga estaria fortemente ligada a do sobrado rosa, à margem direita do rio Taquari. 

 

 

 

 

Leca perdeu a mãe aos 7 anos de idade e sucedeu o pai no trabalho da terra. Em 21 set 1912 casou com ANNA FLORINDA DA COSTA (Vó Nicota) nascida em 26 jul 1891 em Mangueirão, próximo a Mariante. Leca casa e continua morando no mesmo lugar interrompendo a estória do fluxo controlada pelas mulheres. O casal teve 9 filhos, todos nascidos no mesmo quarto do sobrado em que nasceram todos da geração anterior, com exceção do penúltimo. Pedro nasceu em Chafariz, a meio caminho de casa.

 

Vó Nicota era muito querida pelos amigos, vizinhos e parentes . Sabia receber com hospitalidade. Possuía opiniões firmes para os padrões da época e chegava a "ousar" alguns palpites para o vô Leca, que não deixava dívidas sobre  sua postura patriarcal.

 

O trabalho de Leca era na terra. Tinha uma atividade diversificada. Plantava milho, feijão, laranjas e negociava compra e venda de lenha e madeira . Em 1932 comprou uma serraria a vapor de José Carlos Wendt, que foi paga com madeira beneficiada. Criava porcos , gado e galinha mais para sustento e para pequenos socorros no capital de giro. Gostava de competir . Seu lazer era a corrida de cavalos em Cancha Reta (cerca de 300m), tradição mantida por descendentes, até hoje (alguns substituíram o cavalo pelo carro, mas o espírito é o mesmo).

 

O vô Leca era muito honesto, dedicado ao trabalho, tanto nas lides do campo como no comércio. Executava suas obrigações com seriedade e dignidade. Graças às suas qualidades, era sempre o escolhido para resolver questões polêmicas na comunidade . Nas festas domingueiras era o juiz das carreiras de cavalo. Ninguém colocava em dúvida a sua palavra.

 

Quando pretendia alcançar um objetivo , dedicava-se de corpo e alma, com muita luta e determinação.  Sabia conquistar o que realmente queria.

 

 

 

Proporcionou à família o melhor possível, impulsionando os filhos para um futuro promissor. Todas as 5 filhas estudaram em P.Alegre e S.Leopoldo nos melhores colégios que havia no Estado (entre 1936 e 1943). Para isto muito contribuiu a ajuda do primogênito, Sotero, que "ficou trabalhando na terra para que nós pudéssemos estudar". 

Costumava dizer com voz pausada e segura: "não quero saber o quanto tu ganhas, mas o quanto tu consegues guardar". Costuma-se vestir traje gaúcho típico e quando baixava o chapéu sobre os olhos era porque não estava bom para "prosa".

 

 

 

 

Gostava de discutir política. Foi eleito vereador em Venâncio Aires (1945), pelo Partido Libertador, tendo doado todo salário ao Hospital São Sebastião Mártir daquela cidade.

2.5) No Brasil, uma miscegenação impensável na Europa (1960). Bragas casam com Alemães e Italianos.

Os imigrantes portugueses se localizaram ao longo do fértil vale rio Jacuí que concentrava 9 das 17 vilas que havia no RS (com cerca de 100.000 habitantes), por volta de 1850  quando os Bragas chegaram ao Brasil.

 

 

 

 

Os imigrantes Alemães vieram depois (entre 1824 e 1858 o RS recebeu 1309 famílias) e foram assentados, como os imigrantes Italianos (chegaram 50 anos após), no vale do rio dos Sinos e na região da serra gaúcha, respectivamente. Na sua marcha para o oeste, os alemães passaram pelo vale do rio Taquari (que era a bacia seguinte na margem esquerda do rio Jacuí) e encontraram os Bragas e Junqueiras    solidamente  assentados   às    margens do Taquari e

 casando com pessoas de outras famílias de imigrantes portugueses, da própria comunidade.

 

As chances de casar com um parente eram enormes, tanto que Leca teve três filhas (Diva, Nilse e Alípia) casadas com três primos irmãos Junqueira (Telmo, Élio e Aurélio). Os jovens eram netos de irmãs da  professora Sinhá, a mãe de Leca..  Os pretendentes eram portanto primos irmãos de segundo grau das  esposas (tinham os mesmos bisavós).

 

 

A foto dor três primos irmãos JUNQUEIRA foi tirada no encontro de 1993: Telmo Junqueira Rosa (1919), Élio Junqueira Pereira (1914), Aurélio Becker Junqueira (1911), Lajeado, Tiro e Caça.

 

 

A primeira geração dos flhos de Leca casou com portugueses, como o Rui Lopes, em 27 de JULHO de 1937. A foto na escadaria da casa grande é uma preciosidade.

 

 

 

 

Na primeira geração aparece o primeiro enxerto não português: Alípia casou com um Becker (Aurélio Becker Junqueira).

 

A partir da segunda geração (por volta de 1960) a miscegenação com as outras correntes migratórias que povoou o RS se tornou intensa. Dos 32 netos de Leca, 13 tiveram filhos com descendentes de alemães e 5 com descendentes de Italianos.